“De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.”
Dentre todos os sonetos de Vinicius o "Soneto da Fidelidade" é o mais conhecido, sendo considerado por muitos como o “pai” da Bossa Nova, teve seu soneto presente em álbuns de diversos artistas. Mas o motivo de estar falando sobre ele hoje, é pelo achado que tive recentemente, e como admirador de poesias sempre busco vídeos de poemas declamados e graças a isso descobri o “soneto de separação”, onde acabou me levando a este livro.
" De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento"
(Soneto da fidelidade)
Me surpreendi ao descobrir que o primeiro soneto foi escrito na década de 30 e o livro publicado só em 1967. Em sua primeira edição do livro, o autor selecionou os poemas que iriam deixar todo o público apaixonado por cada verso - mostrando detalhes fascinantes sobre uma relação amorosa, ou um esfriamento dela, chegando até a separação.
"Distante o meu amor, se me afigura
O amor como um patético tormento
Pensar nele é morrer de desventura
Não pensar é matar meu pensamento...."
(soneto de carnaval)
Além da escrita ser indiscutivelmente agradável e intelectualmente frutífera, pude perceber que os textos são curtos, sendo uma boa opção para quem busca frequência ou tem dificuldades para iniciar uma leitura poética, do que os rebuscados, porém com situações do cotidiano e bem suaves para compreensão.
É um livro que chama atenção pelo profissionalismo de sua construção, com sonetos datados, incluindo a localidade onde foi escrito. São 3 décadas da vida de um poeta com suas aventuras, paixões, tristezas, viagens e desejos, e quanto mais o tempo passa a poesia de Vinicius de Moraes permanece viva e apaixonante a cada leitor.
"Passem-se dias, horas, meses, anos
Amadureçam as ilusões da vida
Prossiga ela sempre dividida
Entre compensações e desenganos.......E eu te direi: amiga minha, esquece....
Que grande é este amor meu de criatura
Que vê envelhecer e não envelhece. "
Rio de Janeiro, 1942.
(Soneto de aniversário)
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