Estamos no quarto e último
volume da Série Elementos, este livro fecha o ciclo criado pelas histórias que
não tem ligação entre si, mas que possuem o amor em suas mais diversas formas
como protagonista principal. Não é à toa também que é a ela que a autora dedica
este volume. Terminar uma série de tamanha qualidade, emoção e sensibilidade me
dá certa dorzinha no coração, mas também uma sensação de “dever cumprido” –
Deus sabe o tamanho da minha lista de livros a serem lidos!
Atraídos por uma força
inexorável como a gravidade, Graham e Lucy não seriam nunca um casal se usassem
as probabilidades. Tudo neles não combina: personalidades, modos de encarar e
viver a vida e suas dificuldades, históricos familiares, gostos... Graham é um
escritor de imenso sucesso casado com Jane, uma brilhante advogada. Fechado
para o mundo e para qualquer tipo de sentimento que não seja a imensa raiva que
sente do pai, já falecido, e também um escritor de sucesso. Ele parece ter sido
atropelado por uma tropa de elefantes quando uma espalhafatosa e colorida
mulher entra em sua vida no seu momento mais difícil. Abandonado pela esposa
com uma recém-nascida prematura, seu desespero o leva a buscar ajuda onde jamais
pensaria em pedir: à Lucy, uma ex-babá e dona de floricultura, que se oferece
para ajudar ao pai de primeira viagem quando ambos encontram-se no mesmo
hospital e ela percebe seu desespero.
Eu não achava que Brittainy
C. Cherry conseguiria me emocionar e fazer chorar novamente, como ela já fez em
todos os livros anteriores desta série, mas, aparentemente, esta autora tem um
estoque inesgotável de talento para contar histórias que partem do seu coração
diretamente para o coração de quem lê, como já escrevi tantas vezes. Resumi a
história no parágrafo acima com o mínimo de spoiler que consegui, porque “A
Força que nos Atrai” tem diversos plots twists que merecem ser descobertos numa
primeira leitura com toda a sua força.
Maktub –
“está escrito” – é a tatuagem escrita no pulso de Lucy e seu lema de vida
herdado pela mãe, assim como o mantra que repete todas as vezes que perdia seu
chão e precisava tirar forças de onde não achava que ainda possuía:“Ar
acima de mim, Terra abaixo de mim, Fogo dentro de mim, Água ao meu redor, Eu me
torno Espírito”. Amei essa referência tão óbvia e direta ao
que a Série Elementos se propôs a ser para quem a encontrasse: um escape, uma
maneira de colocar sentimentos para fora (ou de reencontrá-los), de abraçar o
fato de que às vezes está bem não se sentir bem e que se a gente desmoronar
devemos sempre dar valor às pessoas que nos amam o suficiente para nos
segurarem nesses momentos. Lucy é esse tipo de pessoa e Graham vai descobrir
que também pode ser.
É extremamente gratificante
e bonito ver/ler o poder transformador que existe em amar e ser amado, qualquer
que seja a sua forma. É o que nos faz pessoas melhores, mais humanos, mais
empáticos e a única coisa que realmente pode nos fazer feliz. A vida
perfeitamente organizada em fluxogramas, planilhas e planos racionais de Graham
não tinha espaço para isso, enquanto que a hippie esquisita, cheia de cristais,
mantras, pureza de coração e bondade na alma de Lucy possuía até demais. E se
tem uma afirmação tão clichê ao respeito do amor é justamente essa: a de quanto
mais se dá, mais se têm. Lucy é esse “unicórnio” que possui um coração sem
limites estabelecidos para expandir e fazer caber uma nova pessoa que precisa e
deve ser amada. Este livro é o resultado do encontro entre a garota que sente
tudo com o garoto que decidiu não sentir mais nada, a fim de se proteger de ser
novamente magoado.
A narrativa me lembrou muito
do livro “O Silêncio das Águas” em sua fluidez e velocidade, pois vamos comendo
as páginas sem sentir até perceber que o fim está próximo. Embora seja um
romance romântico, é um amor quase platônico por suas enormes impossibilidades,
das quais não posso discorrer por motivos de SPOILER! Porém, a gente também
passa raiva nas mãos de Graham e suas grosserias e às vezes tem vontade de
estapear Lucy, porque ela parece boa demais para ser de verdade... Aí você
sente que é confrontado com seu próprio cinismo quando se pega pensando assim e
começa a repetir: Ar acima de mim, Terra
abaixo de mim... Porque se tem uma coisa que a gente não pode e não deve
ser, é totalmente cínico. Nem totalmente bobo – e garanto a vocês que Lucy não
é – mas devemos aspirar sempre a sermos bons. E isso ela é. E ensina Graham a
ser novamente.
Se você deixar, talvez ela
também ilumine os cantos mais escuros da sua alma. Boa jornada!
Nenhum comentário:
Postar um comentário