Recebido em parceria com a
Editora Companhia das Letras, sob o selo da Editora Paralela, “Despertar” é o
primeiro volume da série Espiral do Desejo, de Nina Lane, e meu primeiro
encontro com esta autora, best-seller do New York Times. As informações iniciais
que recebi a respeito do livro é que seria um romance hot, que não é um dos meus gêneros de primeira escolha e favoritos,
mas como preconceito literário passa longe daqui, entrei na leitura sem esperar
muita coisa.... E no início, realmente me decepcionei.
A história é sobre um
jovem casal, Olivia e Dean West, que vivem uma vida tranquila e bacana na
cidade de Mirror Lake, onde ele é um renomado professor de história medieval na
universidade. Olivia ainda está tentando se encontrar enquanto profissional, entre
num emprego temporário e outro e trabalhos voluntários, mas tem um marido
gentil que a apoia e um relacionamento estável, saudável e romântico. Quando o
passado inesperado de Dean ressurge, o casal precisa enfrentar seus problemas e
realmente decidir se vale a pena ainda ficar junto.
Na primeira parte do
livro, mais ou menos, já tinham tido algumas cenas de sexo quase que em
sequencia que me pareceram tão deslocadas, que eu me preparei para ler uma
história que focaria mais nos detalhes picantes do que em construir uma
narrativa em si. Eu já li o suficiente do gênero pra saber que existem aqueles
que o sexo faz parte de uma história a ser contada e aqueles em que o sexo é a
história. Para minha surpresa, “Despertar” me enganou e pertence ao primeiro
grupo – nada contra quem curte os livros do segundo grupo, é só gosto pessoal
meu – e traz uma narrativa madura sobre complicações no casamento envolvendo
quebra de confiança, mentiras, segredos e traumas.
Este livro já tem o
diferencial de começar quando a maioria dos livros hots termina, que é quando o casal já está formado, casado e feliz.
Lemos em flashbacks como eles se
apaixonaram e o que há no passado de Olivia para ela ser como ela é, o quanto
Dean é um cara bom e paciente, sem deixar de ser sedutor e insinuante, mas esse
não é o foco narrativo. O flashback
serve para cimentar o motivo pelo qual a protagonista tem toda a razão do mundo
em perder a confiança no marido, quando descobre algo de seu passado. Olivia se
sente traída por achar que vivia uma relação onde ambos haviam se entregado e
descobre que não foi lá bem assim. Dean tem esqueletos ocultos no armário,
enquanto ela não havia deixado nenhum para ele ainda descobrir. Aí começa o
distanciamento dos dois, os silêncios, as dores e quando a autora deixa de
focar no sexo pelo sexo para focar na história que quer nos contar, o livro
deslancha e as páginas começam se virar sozinhas até um final que me deixou
querendo catar o segundo para ontem!
“E onde você quer
chegar?
Em algum lugar onde
eu me sinta em casa”
“Despertar” é muito
bem-estruturado, bem-escrito e com uma linguagem clara. Não é nem um pouco raso
ou bobo, mas traz problemas reais e sérios de um casamento que vinha muito bem
e era um tipo de modelo para todos ao seu redor e não por algum tipo de
perfeição abstrata, mas por serem duas pessoas que realmente eram apaixonadas
uma pela outra e dedicadas a fazer a relação dar certo. É justamente por isso que quando os problemas
de confiança e as mentiras aparecem, as convicções de Olivia são tão testadas e
abaladas. O passado da jovem não foi nada simples, a mãe dela é o exemplo claro
de alguém que jamais deveria ter engravidado, e ela tem inúmeros problemas que
Dean conhece desde o dia em que tem seu primeiro encontro.
Por outro lado, você
consegue se solidarizar com Dean e suas escolhas, mesmo sabendo que foram
erradas, porque o homem é COMPLETAMENTE apaixonado por essa mulher. O que não
falta é angst nessa narrativa, meu
povo, a gente fica mesmo com o coração na mão torcendo pra esses dois
conseguirem se comunicar e resolver seus problemas. E se o livro começa na
perspectiva de Olivia e já é envolvente, vocês não terão chance alguma quando a
narração passa para Dean e mergulhamos nesse homem ponderado e inteligente, mas
que contém um oceano de emoções dentro de si.
Para mim, foi essa desconcertante
dose de realidade que fez desse romance adulto um diferencial entre os outros
do mesmo gênero e o motivo de o recomendar a vocês, leitores. E quem não quiser
passar nervoso e puder, leia o primeiro já com o segundo na mão!
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