
“
– Você está querendo dizer que eu deveria me jogar?
-
Querida, você já se jogou. O negócio é não hesitar quando já começou. Quando
você atravessa a rua, não adianta atravessar pela metade, e depois voltar se
aparecer um carro. O negócio é ir até o fim.”
Ok, primeiro de tudo, se
imaginem tranquilos em uma tarde de domingo preguiçosa, onde vocês não querem
fazer nada e de repente cai um livro no seu colo com uma Lhama na capa. A
primeira reação que eu tive foi: “ Tá, o que uma alpaca ta fazendo aqui?” – até
eu descobrir que não era uma alpaca – e rir, porque era uma coisa engraçada
imaginar o que uma lhama poderia estar fazendo no meio de uma história.
Contudo, eu não estava nada preparada pra chuva de expectativas que eu teria e
que seriam derrubadas com esse livro. E admito, todas eram meio ruins. Sabe
aquele história de julgar o livro pela capa?
Júlia é uma adolescente
carioca de 17 anos que mora em Cabo Frio, daquelas que cresceram com seus
amigos do lado e estudando na mesma escola desde o primário, onde a diretora e
os professores sabiam o nome de todo mundo e eram quase como uma grande família.
Por conta de uma discussão com o professor de física, a menina se vê
pressionada pela diretora – na verdade coagida – a falar com a sua mãe sobre
fazer intercâmbio pros Estados Unidos. Ok, mas o que isso teria de ruim, não é?
Mas, levando em consideração que Júlia não queria ir pros Estados Unidos e
muito menos estudar inglês, isso era uma coisa PÉSSIMA.
Muito perrengue depois –
muito perrengue mesmo, depois – ela finalmente embarca pra viagem e bom, se vê
perdida em um país estranho, onde não fala direito a língua e procurando uma
família anfitriã que ela nem sabe se já está ali pra buscá-la.
Os Webster, por sua vez,
parecem aquelas famílias típicas de fazenda e moram em Mount Hood, Oregon. Um
casal e duas filhas. Foi aí que eu entendi onde a lhama entrava na história, já
que eles criam lhamas (quatro, pra ser mais exata) e participam de competições
com elas. Porém nada, absolutamente NADA, havia preparado Júlia para o que
seria aquela família. A não ser pela pequena Taylor, a filha mais nova que
também não é tão santa assim, todos eram no mínimo horríveis. E pra completar a
soma, havia mais uma intercambista na casa, a Karin.
Vamos falar da Karin, a
alemã. Eu a amei! No começo, ela apenas parecia odiar a Júlia logo de cara, não
dirigia uma palavra a ela e nas poucas vezes que fazia isso, ou era gritando,
ou brigando. Mas, quando mais uma menina chega, falando menos ainda de inglês
que Júlia, mas enchendo o coração dela de esperança, as coisas parecem
melhorar. A japonesa Saori também é caladona, só que nas poucas vezes em que
abre a boca é certeira.
Os perrengues de nossa
protagonista não acabam: além de se preocupar em aprender a língua, com as
tarefas domésticas impossíveis que tinha que fazer junto com as outras meninas
e sobreviver, sobrava pouco pra descansar, comer, estudar, ou até pensar em ter
uma vida social. Só que alguma coisa parecia muito errado com aquela família e
Karin parecia já saber disso. E é em uma noite quando vão dormir na casa de sua
coordenadora de área, que as duas finalmente conversam e colocam os pingos nos
“is” e daí em diante se tornam amigas. De certa forma. E conforme as coisas vão
apenas piorando, também aliadas na missão de conseguir sair daquele inferno de
casa.
Tudo bem, vocês devem estar
pensando agora: “MEU DEUS, QUE CONFUSÃO É ESSA?!” e até certo ponto do livro eu
fiquei assim também. No começo, não gostei. Sendo extremamente sincera, achava
Júlia um porre e aquela coisa toda de adolescente me irritava um pouco. Mas, conforme
a história foi desenvolvendo, eu vi que estava com as impressões erradas, os
personagens começaram a me ganhar, até o ponto de eu começar a me identificar com
as duas, mesmo nunca tendo feito intercâmbio na vida. A questão é que todo
mundo já teve 17 anos, não é mesmo?
O negócio todo é um grande
relato de intercâmbio e a cada situação, você começa a ficar um pouco mais
ciente do quanto essa experiência é forte pras pessoas que passam por ela.
Todas as coisas boas e ruins que podem acontecer no decorrer de um ano, todas
as dificuldades, fazer amigos e lidar com a saudade da família e ainda ter que
se virar pra aprender uma língua estrangeira na prática. Tudo isso com lhamas
envolvidas! (Gente, eu ainda não superei as lhamas, desculpa. HAHA!)
O livro me ganhou, em algum
momento do curso da história eu me vi rindo e me divertindo muito com as
situações engraçadas e revoltada pra valer nas ruins, e quando acabou eu fiquei
com aquela sensação de “ai, vou ler de novo um dia”. Aliás, vocês também
deveriam ler. E sério, nunca, nunca julguem um livro pela capa, ok?
Que bom que gostou da história e que ela te conquistou no fim. Mas agora fiquei curiosa. Ql das duas capas vc n gostou? Ou foram as duas? rsrs
ResponderExcluirAdorei a resenha!
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