Não foi um livro fácil de
ler por muitos motivos distintos, sendo um deles a veracidade contida em cada
um dos treze contos existentes nas páginas do livro de Geovani Martins, que usou sua
própria infância e adolescência como ponto de partida para as situações descritas
em “O Sol na Cabeça”.
Geovani foi um garoto como
os que a gente encontra em seu livro: nasceu e cresceu em favelas do Rio de
Janeiro e conviveu com grande parte dos temas que descreve e em sua estréia já
se tornou uma das promessas da literatura nacional.
Nos contos, o autor fala
sobre a vida cotidiana de quem vive nos morros do Rio, jovens que estão
crescendo e ainda são obrigados a conviver com a violência, os olhares tortos e
a marginalização de suas vidas, mesmo que não tenham feito algo para isso. Sem
dúvidas, é um daqueles livros que nos faz pensar em muitas coisas ao mesmo
tempo e a cada página, por que conta com toda a proximidade que se tem de uma
realidade triste, mas que para aqueles que cresceram “no asfalto” é bem
distante.
Logo no primeiro conto, a
gente dá de cara com um grupo de amigos em uma situação de embate com as forças
de segurança. Enquanto eles queriam apenas curtir uma praia e passar a tarde de
calor se refrescando, a pressão da polícia nas praias para conter as ondas de
arrastões frequentes dificulta o passeio tranquilo da turma. Mas, além da
presença da polícia, que faz parte tão de perto do cotidiano de quem mora em
comunidades, temos tantos outros pontos passíveis de discussão durante as
histórias contadas por Geovani, que não podemos mensurar ainda o tamanho da sua
importância pelo que ele representa. Porém, achei que nem todos os contos são
realmente tão bons assim, pois alguns simplesmente parecem estar ali para
constar, mas isso em nada tira o brilho completo da obra em matéria de
qualidade literária e representação.
Um livro com o poder de dar
voz a uma parcela de pessoas que normalmente não consegue espaço pra falar e
acredito que por conta disso, mereça toda a atenção e o tempo de leitura de
cada um de nós.
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