No oitavo e penúltimo livro
da série, vamos acompanhar os caminhos tortuosos do jovem Gregory, o caçula dos
Bridgertons, até o amor verdadeiro. E como Julia Quinn não veio a essa vida a
passeio, mas a trabalho, ela já abre a história com um Prólogo de tirar o
fôlego – mas não se engane achando que por conta do que acontece ali, a própria
autora deu um “spoiler” de sua história e você não precisa nem perder tempo
lendo, pois já sabe como vai terminar: Não, você não sabe.
“A Caminho do Altar”, ou “O Livro Em Que Violet Bridgerton
Finalmente Se Aposenta Como Mãe Casamenteira”, nos apresenta um Gregory no início
da idade adulta, mas, diferente do seu cínico grupo de amigos, ele está mais do
que pronto para acabar com a vida de farra e encontrar o amor verdadeiro. Como
testemunhou por sete vezes seus irmãos se apaixonando e tendo seus finais
felizes e por ter uma mãe que fala do pai de forma extremamente afetuosa, ele
sabe que o amor existe e que assim que pôr seus olhos sobre a escolhida, os
astros irão se alinhar e eles se reconhecerão como almas gêmeas... Em tese, é o
que acontece.
A jovem em questão é Hermione
Watson (#referências #adoro), filha de um nobre, candidata a Incomparável da
Temporada e que está prestes a debutar em Londres ao lado de sua melhor amiga,
Lucinda (Lucy) Abernathy, filha de um falecido conde, mas que vive com seu
irmão, que agora carrega o título, e seu tio desde que o pai se foi. Quando Gregory
olha para Hermione em uma reunião em Aubrey Hall, a casa de Anthony e Kate, ele
sabe imediatamente que encontrou a mulher que esperava: palpitações,
estremecimentos, a sensação de que o mundo passou a rodar mais devagar e o
êxtase descrito nos livros... Tudo, tudo o que ele esperava – como o romântico
que é – aconteceu e o seu final feliz está ali ao seu alcance.
O problema é que a jovem em
questão não dá a mínima para os planos imaginários de Gregory, pois está apaixonada
pelo secretário de seu pai e aguarda apenas uma aprovação da família para se
casar. A sensata Lucy sabe que a família da amiga jamais permitirá o enlace,
mas Hermione é um Gregory de saias: romântica incorrigível, a moça acredita que
o amor prevalecerá no final e ela poderá ter o Sr. Edmunds como marido. Já
Lucy, é noiva há anos de Lorde Haselby, o conde de Davenport, mas é um arranjo
de conveniência que corre o risco de ir para o espaço assim que coloca os olhos
em nosso herói. Este oitavo volume parece uma versão em prosa de “Quadrilha”,
famoso poema de Carlos Drummond de Andrade, porque os personagens estão sempre
se apaixonando ou já apaixonados, mas nunca correspondidos. Gregory não
consegue compreender o que pode ter dado errado em sua vida, já que o amor não
está se saindo como ele imaginava ou presenciou – ou pensa que presenciou, já
que as noções de amor do personagem estão nubladas pelo fato de ser tão mais
jovem do que seus irmãos, e, portanto, sabe pouco do que os outros tiveram que
enfrentar para ficar com suas amadas. Menos ainda de suas irmãs, à exceção de
Hyacinth, a mais próxima em idade.
Numa tentativa de ajustar os
sonhos de Hermione à realidade, Lucy decide juntá-la a Gregory – o “mal” menor,
já que é filho de um visconde. Prática, sociável, sensata, franca e nada
misteriosa, nossa heroína lê Gregory como um livro aberto e como já tinha
abandonado qualquer noção de romance há muito tempo, pois temia as reações
extremadas que Hermione parecia amar, acaba entrando em pânico quando se vê
envolvida pelos olhos castanhos, a forma como os cabelos se enrolam na nuca de
Gregory, seus modos elegantes... E aí a narrativa ganha um jogo interessante de
se ler, com cada personagem tentando encontrar um jeito de ter o seu “final
feliz”, mas como ali ninguém parece escolher direito, chega a ser um pouco
engraçado o fato de não perceberem quem é o amor de quem. Enquanto lia, me
senti como Lady Danbury: eu só precisaria de uma hora para colocar os
personagens de “A Caminho do Altar” com seus respectivos pares e a vida
seguiria tranquila.
Mas isso é Julia Quinn,
senhoras e senhores, a última coisa que teremos é uma narrativa tranquila. Uma
combinação de bebidas liberadas e um baile de máscaras numa noite estrelada de
Aubrey Hall muda totalmente o que esperávamos que iria acontecer. A partir daí,
a narrativa ganha um certo ar frenético e os personagens começam a compreender
por fim, as diferenças entre paixão, paixonite, atração e amor. Afinal, o amor
é arrebatador, insano, incontrolável? Ou faz você se sentir em casa, é
reconfortante, tranquilo? Afinal, poderia ser AS DUAS COISAS? É essa busca por
respostas que guia não só nossos heróis, mas até mesmo os coadjuvantes. E pra
quem é fã de Kate, Anthony, Colin, Lady Violet e Hyacinth, este livro é um
deleite, pois eles participam da trama com frequência.
“A Caminho do Altar” é uma
deliciosa história que vai aquecer o seu coração e te fazer questionar suas
próprias convenções a respeito do amor.
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