E, finalmente, chegamos ao
nono e último volume da Série Bridgertons de Julia Quinn, para a minha, a sua
e a nossa enorme tristeza. Como a própria autora explica, logo no início do
livro, aqui se trata de discorrer sobre “a história que vem depois da história”
– mini contos que assumem a forma de segundos epílogos para saciar a fome de
mais a respeito dessa família tão maravilhosa!
Cada um deles é antecedido
por uma pequena explicação dos motivos que levaram Julia Quinn a escrevê-los da
maneira como o fez, o que é um recurso bem interessante, já que poucas vezes
sabemos o que passava na cabeça do autor quando ele ou ela tomavam as decisões
durante o processo criativo.
Em “O Duque e Eu”, os
leitores tiveram uma participação com suas perguntas constantes a respeito do
conteúdo das cartas que o pai de Simon lhe escreveu. Para Julia, não importava
muito o que o pai queria e sim o que motivaria o Duque de Hastings a abri-las
anos depois. Como o ser humano amoroso que é, Simon o fez por generosidade à
Colin e Penelope, numa tentativa de ajudá-los em um problema específico – mais não
posso dizer por motivos de spoiler.
Embora tenhamos um vislumbre da vida de Daphne e Simon, ficamos com mais
perguntas do que respostas, o que acaba sendo um pouco frustrante se a ideia é
satisfazer o leitor...
Já em “O Visconde que me Amava”, temos um conto redondo e sem grandes perguntas, focado unicamente em
nos divertir. Como a maioria dos leitores de Julia Quinn concorda, segundo ela
mesma escreveu, que a cena favorita deles deste livro e, talvez, de todos os
livros, é a partida de Pall Mall, a autora retoma o tema quinze anos depois. É
hilário pensar que anualmente todos os jogadores originais, não importando onde
estejam, seus títulos ou a quantidade de dinheiro ou filhos, retornem à Aubrey
Hall para se comportarem como completos selvagens trapaceiros. É delicioso
acompanhar a disputa entre Anthony e Kate pelo taco da morte (ela o havia
vencido por três anos seguidos!) e de todos, é o conto mais engraçado. Como se
apoia inteiramente na sagacidade dos diálogos e no humor negro dos nossos
protagonistas e seus parentes, a gente sorri do início ao fim. O que é ótimo
para aliviar a nota de drama do conto anterior.
O segundo epílogo de “Um Perfeito Cavalheiro” e de “Para Sir Phillip, Com Amor”, sofrem do mesmo
problema, na minha opinião, dos volumes de onde se originaram: parecem menos
interessantes do que de fato seriam se não sucedessem dois dos volumes mais bem
escritos da série inteira. O primeiro foca em Posy, a irmã de Sophia,
encontrando seu final feliz depois de ter sido renegada pela mãe e ir morar com
Lady Violet. E apesar de ser perfeitamente adorável ler Benedict se
comportando como um pai superprotetor com a cunhada, a sensação de ser “menos”
do que os epílogos anteriores não me abandonou. O segundo foca em uma Amanda
Crane adulta e com idade de se casar. É o único escrito em primeira pessoa, mas
também sofre do mesmo mal do de Posy, que é ser pouco memorável.
No conto de “Os Segredos de Colin Bridgerton”, o foco é a forte amizade entre Eloise e Penelope e se
esta sobreviveria à prova de fogo de ambas terem mantidos segredos ENORMES uma
da outra. Cronologicamente falando, é o que mais se aproxima da linha temporal
dos livros, já que a trama ocorre no dia do casamento de Eloise. Hyacinth e
Colin, como era de se esperar, têm grande participação em tudo e como se
encaixa tão bem na história de seu livro originário, parece mais um trecho
perdido do que um epílogo em si – e digo isso como algo positivo!
O epílogo do sexto e do
sétimo livro, “O Conde Enfeitiçado” e “Um Beijo Inesquecível”, também se
originou de questões abertas deixadas pela autora: Francesca e Michael
conseguirão seu desejado herdeiro? Hyacinth, finalmente, encontrará as joias? Os
dois contos, assim como seus livros, são os mais sensuais e se o primeiro tem
um pouco de magia para resolver seu conflito, o segundo trata da beleza do amor
de uma filha incomum por sua mãe nada convencional. De todos, ambos são os mais
satisfatórios em termos de “fechar” uma história.
Aquele que seria o último
dos epílogos, “A Caminho do Altar”, retoma um pouco da ideia do drama do
primeiro e faz a gente passar muito nervoso com a doce Lucy dando a luz às
gêmeas e tendo complicações pós-parto. Hyacinth também está presente e
mesmo sabendo que tudo VAI terminar bem, ainda assim, a tensão é grande. O fato
de termos uma nova geração de Bridgertons nomeada por conta de seus tios e tias
dá um toque de beleza àquele que é o conto mais melancólico. Por fim, Julia
Quinn nos surpreende com “O Florescer de Violet”, um conto sobre a matriarca
Bridgerton em quatro momentos da sua vida: infância, o encontro com Edmund, a morte do marido e seu
aniversário de 75 anos.
O que seria apenas uma
deleite para nós, leitores, já se transformou em algo mais: Com a publicação da
série Rokesbys confirmada pela Editora Arqueiro e seu primeiro volume, “Uma
Dama Fora dos Padrões”, com previsão de lançamento para agosto desse ano,
parece que teremos mais dos Bridgertons por algum tempo!
Nenhum comentário:
Postar um comentário