Durante um bom tempo, eu fui cutucada por meus amigos
a respeito de Jojo Moyes, a autora de “Como eu era antes de você” se tornou
leitura quase que obrigatória na minha roda e acredito que na de praticamente
todo mundo que gosta de um bom livro reflexivo. Por conta disso, em um pequeno
impulso acabei comprando “O Som do Amor”, e tenho que admitir que Jojo ganhou
mais uma admiradora.
O livro não é nada como talvez a maioria das pessoas
imagine, não é um romance comum, e muito menos agradável a leitura em todos os
aspectos mais conhecidos, pelo contrário, o sentimento predominante durante
toda a leitura é provavelmente a repulsa, mas se engana quem está pensando que
vou dizer que se trata de um livro ruim. Na verdade, ele está bem longe disso.
A Casa Espanhola é onde se encontra o centro da
história.
O Senhor Samuel Pottisworth – um velho ranzinza e
atrevido – é o proprietário deste casarão. Ele encontra em seus
vizinhos Matt e Laura McCarthy apoio e cuidados devido a sua idade avançada. Porém
o casal não fez nada por generosidade ou qualquer um dos sentimentos altruístas
que possamos pensar, tudo era apenas por ambição. O que eles mais desejavam em
toda a vida era herdar a Casa Espanhola já que o velho não tinha filhos, e
muito menos algum parente próximo, assim eles pensaram.
Quando o senhor Pottisworth passa dessa para uma melhor sem
deixar um testamento dirigindo pra quem poderia ir sua casa, todos esperam que
ela vá a venda. Os McCarthy esperam por isso mais que qualquer outra pessoa
pode imaginar. Desde que era pequeno Matt, que vira seu pai trabalhar naquela
casa imensa, nutre o desejo de ter a propriedade pra si. Só que com a descoberta
de uma parente distante do velho – que ninguém sabia que existia – esse desejo
se torna ainda mais impossível de se realizar.
A parente em questão é a Isabel Delancey – que era a
primeira violoncelista da Orquestra Municipal – acaba de perder o marido, tem dois filhos para criar
e está afogada em dívidas. Com todas esses problemas na cabeça, ela se agarra a
oportunidade que aparentemente caiu do céu para salvar alguma coisa do que
restou deles e se muda de Londres, onde sempre morou, para uma cidade do
interior para morar na bendita casa que havia herdado. O que ela não podia imaginar
era o estado em que a casa se encontrava depois de anos de abandono e deslecho
por parte do falecido.
Mesmo assim, eles se mudam e enfrentam o desafio de
aprender a viver em um lugar diferente, e recomeçar a vida em meio a todas as
dificuldades, as artimanhas dos vizinhos, e suas próprias inseguranças.
Nesse momento a vida de Matt, Laura e Isabel se
encontram e com a desculpa de conhecer bem a casa e tudo o que precisa ser
concertado nela Matt se oferece para fazer a reforma e sem saber Isabel cai na
conversa, ficando a mercê das armadilhas dele para que ela e seus filhos vão
embora do casarão.
Essa pode ser uma história que fala de recomeço, luto,
amor fraternal e amadurecimento, mas o que marca é percebermos o quanto o ser
humano pode ser baixo e mesquinho para conseguir o que deseja. A obsessão de
Matt, os conflitos pessoais de Isabel, traição, ambição e cobiça são os
sentimentos mais fortes nessa obra da Jojo o que faz com que ela seja forte,
apesar da escrita lenta e detalhada que tem, mas que consegue te levar bem
durante toda a história.
Uma coisa que não posso deixar de ressaltar é o fato
de os moradores da cidade serem personagens muito presentes o tempo inteiro na
narrativa, trazendo pra gente uma visão externa de tudo o que acontece, mas
apesar disso, eles não se envolvem diretamente. Apenas vivem como senhoras e
senhores fuxiqueiros, bem típicos.
Mesmo com tudo isso, e deixando bem claro que eu
gostei do livro, não me senti ligada a história, não sei se pela escrita ou se
pela quantidade de sentimentos amargos contidas nas páginas, porém ele é sim um
livro que eu indicaria a todos a leitura, porque sem dúvida foi feito para nos
fazer pensar sobre como nós mesmos somos capazes de lidar com esses sentimentos.
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