De todos os lugares mais
improváveis para se encontrar o amor, dar de cara com ele em um cemitério, com
certeza parece o mais fora de orbita. Mas isso não impediu que Katarina Mazetti
desse as visitas aos túmulos dos entes queridos dos seus personagens um toque
de romance inesperado, e com certeza nada comum.
Desirée, é uma viúva
elegante, típica mulher de cidade grande que vive tranquilamente em um
apartamento sozinha após a morte de seu marido. Ela é bibliotecária, estudada e
vive cercada de livros por todos os cantos, (uma leve inveja surgiu em mim,
admito) e uma das partes da sua rotina são as constantes visitas ao túmulo de
seu falecido marido, onde ela passa o tempo conversando com o morto.
Benny, é um jovem fazendeiro
que após perder os pais toma conta da propriedade em que trabalha e vive,
sozinho. O típico homem rustico, com pouco conhecimento dos livros e muitos
sobre a vida, que assim como Desireé, mantém a rotina de visitar o túmulo dos
pais e limpá-los, todos os dias.
Nada em comum, além das
visitas ao cemitério e um único momento de troca foi o suficiente para dar
início ao romance entre esses dois estranhos. E depois de muitos encontros sem
que eles se quer olhassem, um pequeno comentário repentino os fez sorrir um
para o outro e ai se apaixonarem de tal forma que chega a ser um tanto cômico.
A frase “Os opostos se
atraem” aqui ganhou um sentido tão literal que por vezes eu me peguei querendo
desistir da leitura, nada do que a gente ta acostumado quando se trata de
romances leves e românticos eu encontrei aqui, os pouco momentos doces, por
vezes perdidos na leitura dos capítulos, eram uma gota d’água em um mar de
areia e a forma real como a autora escreveu os personagens me atingiu tão forte
que ainda não digeri completamente esse fato.
Sim, eles são personagens
mais fieis a realidade, personagens que poderiam facilmente ser uma amiga
minha, ou o meu vizinho da porta da frente. Aqui, a luta deles é o tempo
inteiro contra eles mesmos, suas personalidades, pensamentos e sentimentos, suas
diferenças são o grande vilão dessa história de amor, onde eles – assim como
nós – passam grande parte do tempo lidando com tudo isso da melhor forma que
podem.
Assim como o lugar onde
começou, a história deles é improvável por todos esses motivos já citados, e
apesar se percebermos que eles se amam de alguma forma tudo se torna tão
complicado com o passar das páginas que a gente se pergunta onde exatamente
isso vai dar.
Um ponto que eu não posso
deixar de citar é com certeza sobre a capa e o nome do livro que de primeira
pode enganar muita gente com a ideia de um dos Young Adult que a gente
sempre ama, e claramente o livro está bem longe disso.
Apesar da escrita diferente
da autora ter o seu choque na narrativa, assim como o fato de cada capítulo
seguir as diferenças de seu narrador, sendo intercalado entre os protagonistas,
esse ainda é um livro que eu indico pra quem gosta de sair da zona de conforto,
mas que tenha paciência para todas as confusões desse casal.
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