Jennifer L. Armentrout é uma
autora que sempre me foi muito recomendada pelas amigas literárias, antes mesmo
até de ser publicada aqui no Brasil. Depois de uma mega ressaca literária após
“Tempestade de Guerra” da Victoria Aveyard, um dedo quebrado que não queria
consolidar de jeito algum e uma gata cheia de manias ainda convalescendo,
resolvi que precisava de algo leve e divertido para ler. Foi quando dei uma chance
ao primeiro volume da Saga Lux, “Obsidiana”.
De cara, a protagonista
feminina me surpreendeu por não ser aquela típica mala cheia de mimimis que
precisa ser ajudada o tempo todo – mesmo que ela se meta em muitas enrascadas
“das galáxias” (Deus, que trocadilho horroroso!) –, mas Katy é uma jovem no fim
do ensino médio que está de luto pelo pai, encarando uma brusca mudança de
endereço, saindo da ensolarada e vibrante Flórida para um buraco na Virginia
chamado Kettermann, e o terror de ser a aluna nova. Como vizinhos, ela topou
com a super querida Dee Black, com aparência de modelo e coração de ouro e seu
ranzinza e insuportável irmão mais velho, Daemon, que, obviamente, é um
G-A-T-O. Sim, meus amadinhos, é um tremendo clichê enrolado pra presente e com
um enorme laço de fita. E quem é que disse que isso necessariamente precisa ser
uma coisa ruim?
Katy babou pelo rapaz em
questão de exatos cincos segundos, até que ele abriu a boca e falou o primeiro
de muitos insultos e asneiras. O bom dessa história toda foi que Katy não só
respondia na mesma moeda, como o xingava, mostrava o dedo do meio e fazia tudo
aquilo que as “mocinhas” não deveriam fazer. Os embates entre os dois tomam boa
parte do livro e mesmo que a gente saiba que tudo aquilo é um monte de paixão
encubada, e que os dois são cabeças-duras demais pra admitir qualquer coisa, isso
rendeu momentos muito deliciosos.
O pulo do gato é que o
Daemon tem uma boa razão para querer manter distância da nova vizinha: tanto
ele quanto Dee são alienígenas. Yep. É isso aí que você leu. Seu planeta foi
destruído e sua raça, os Luxen, estão na Terra há algum tempo e vêm se mantendo
escondidos desde então com a ajuda do governo americano. Imaginem o tamanho da
treta se os terráqueos descobrissem que de fato “eles estão entre nós?” (Pausa
para a trilha de Arquivo X).
Como se não bastasse todo o
drama adolescente de garoto alien + garota humana, os Luxen trouxeram para nós
sua guerra pessoal com os Arum, outra raça alienígena e responsável direta pela
destruição de sua antiga morada. Envolvida por toda essa teia, Katy precisa
manter em oculto não só a verdadeira origem de seus vizinhos, mas despistar os
agentes do governo que, periodicamente, checam nossos ETs e encarar o
menosprezo e a raiva dos outros Luxen por estar próxima dos Black, o que era
encarado como uma vulnerabilidade a ser explorada por seus inimigos. Tudo isso
enquanto luta para sobreviver ao colégio, se convencer de que não está atraída
pelo sexy Daemon, já que ele é um imbecil completo com ela e ainda manter sua
leitura e blog literário atualizados, mesmo com a internet péssima daquela
cidade.
Quem disse que adolescência
é fácil, meu povo?
A autora nos envolve em sua
trama leve com muitíssima facilidade por construir personagens tão carismáticos
e cativantes, que você se pega lendo sem parar só para saber até onde vai a
criatividade para insultos entre os protagonistas e a dinâmica da comunidade
Luxen, seus poderes e cultura, por exemplo. Jennifer poderia ter cultivado sua
história para ser apenas engraçada e fofinha, mas a ameaça imediata dos Arum mantém
a narrativa quente e a presença do Departamento de Defesa americano como uma
sub-trama a ser desenvolvida, passa a sensação de que vem chumbo grosso por aí.
Pela forma como “Obsidiana” termina, acredito que o segundo volume, “Ônix”, vá
explorar melhor essa possível “ameaça humana”.
Como único ponto negativo,
talvez, eu apontaria a tradução das gírias americanas para o português, pois
senti uma quebra na suspensão de realidade lê-las na boca de personagens de
outro país (sem falar os de outro mundo!). Outro fator importante que acabou
perdido na tradução foram os apelidos que Daemon deu à Katy, como kittycat e kitten e que como foram traduzidos por “gatinha”, não deu ao leitor
a dimensão exata de por que lhe era tão humilhante ser chamada assim.
Contudo, eu preciso dizer
que se você está em busca de diversão, em uma história gostosa e leve, a Saga
Lux é a sua pedida!
Nenhum comentário:
Postar um comentário