Estava muito ansiosa pelo
segundo volume da Série Espiral do Desejo, “Desejar”, ainda mais depois
daquele cliffhanger na última página.
Se “Despertar” eu li sem expectativa alguma, vim para esta continuação querendo
MUITO que a escrita de Nina Lane desse certo, ainda mais porque depois de um volume bem escrito, o seguinte costuma quase sempre ser decepcionante ou até de qualidade inferior...
Este é um daqueles raros casos em que a coisa só melhora. Ainda bem.
A autora deixou nossos
protagonistas lidando com um montão de problemas em seu sólido casamento que
haviam surgido por conta dos segredos do passado de Dean, das inseguranças de
Liv e dos muitos erros cometidos por ambos no presente. Este é um momento de
reconstrução para os dois, de tentativas repetidas de aparar arestas,
restabelecer a confiança um no outro e na relação e partir para o futuro que
ambos desejam construir. O primeiro obstáculo aparece na forma de um infarto do
pai de Dean, que obriga o casal a voar às pressas para a Califórnia, um
estressor inesperado na forma de uma família disfuncional rica e que vive de
aparências. Neste volume, os dois assumem alternadamente a carga narrativa em
cada capítulo e entendemos melhor como a cabeça de Dean funciona, seu passado
traumático e a razão dele ser tão protetor com sua esposa – o que não significa
ser uma boa coisa para ela ou para os dois, diga-se de passagem.
A última coisa que os dois precisavam naquele
momento era lidar com a amargura e frieza da família West, mas família é
família e nosso amado Dean ainda acha que é o responsável por consertar e
sustentar o mundo ao seu redor – uma característica que a autora soube usar, ora
como qualidade, ora como defeito e que deu ainda mais camadas ao já complexo
personagem. Liv também não é mais a mesma, e apesar de feliz de poder estar ao
lado do marido e de sua família num momento tão ruim, sabe que não é aceita e
nem bem-vinda: ainda mais quando se depara com uma importante parte do passado
recém-descoberto do marido muito à vontade na cozinha dos West. Para evitar spoilers, infelizmente, não posso entrar
em detalhes, porém, o que posso contar é que esta visita à Califórnia vai
ocupar boa parte do livro e ser recheada de angústias para Dean e Liv.
A coisa fica bem sufocante
em especial para Liv, que está renascendo como mulher e buscando seu objetivo
de vida para além da sua relação, o que foi muito estimulante de ler, pois esta
é uma busca que mexe com os alicerces da personagem. Como a autora decidiu
explorar melhor a época de namoro dos dois em flashbacks, isso nos dá detalhes importantes para compreendermos
melhor o que levou o casal a ser como é em termos de individualidade, e como isso
se reflete em sua vida matrimonial, para o melhor ou para o pior.
Novamente dividido em três
partes, “Desejar” tem uma quantidade muito maior de cenas quentes do que seu
antecessor, afinal, este é um casal que se ama muito e em processo de reconciliação, o que gera enormes faíscas para todos os lados. Mas, lá para o fim do
livro, a autora joga uma bomba enorme no nosso colo e no do casal quando eles
descobrem, numa sessão de terapia, um aspecto sobre sua relação amorosa/sexual
que faz repensar praticamente tudo o que lemos até ali. Sabemos que os dois têm
um problema sério de comunicação, entre outras coisas, piorado pela atitude
protetora e possessiva de Dean e o passado problemático de Liv, mas eu JAMAIS
poderia esperar por aquela conclusão a respeito dos dois. Nina Lane, novamente,
me surpreendeu com suas decisões criativas extremamente coerentes e maduras e, no fim, acaba por nos fazer amar esse casal por causa de suas imperfeições, aquilo que os torna profundamente reais em suas ambiguidades e atitudes. Dean e Liv
poderiam ser amigos de qualquer um de nós, para quem ferrenhamente torcemos
para dar certo e se resolverem, mas a quem somos obrigados a assistir cometerem
um erro atrás do outro, mesmo que tentando acertar.
Se “Despertar” teve um cliffhanger muito desesperador para o
leitor, como já mencionei, “Desejar” não fica nem um tantinho atrás, mesmo que este
não seja tão evidente quanto o do seu antecessor. Podem acreditar: se no
primeiro livro o passado foi parte importante para o conflito e que ainda traz consequências
para os dois, aqui o problema real se esconde no presente de diversas maneiras
e quando decide erguer sua cabeça horrorosa, passa como um trator pela vida
profissional de Dean, arrasa a frágil confiança que o casal havia reencontrado,
mexe com seus sonhos e nos deixa de coração bem apertado. A autora termina a
história com uma tênue luz de esperança e que eu espero que se concretize satisfatoriamente
em “Declarar”, terceiro volume da série e que será publicado ainda esse ano –
GRAÇAS A DEUS!
Depois de tudo isso, eu não
tenho como não recomendar a leitura!
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