Cronologicamente falando, o segundo volume da Série MacGregors não se passa muito tempo depois de seu antecessor, Jogo de Sedução, mas os dois divergem em aspectos que me deixaram bastante animada para ler o restante dos livros, pois quem leu a resenha do primeiro volume sabe que ele não me conquistou tanto assim. Nesse aspecto, Caine MacGregor e Diana Blade fizeram um trabalho muito melhor do que Serena MacGregor e Justin Blade.
O uso dos nomes e sobrenomes
desses quatro personagens foi totalmente proposital, pois o que temos aqui são
dois melhores amigos apaixonados pelas irmãs um do outro. Mas as relações não
poderiam ser mais diferentes: se Serena cresceu tendo Caine como seu amigo e saco
de pancadas, Diana cresceu sem Justin desde os seis anos de idade, quando este
a deixou aos cuidados de sua tia Adelaide e partiu para ganhar o mundo. Quando
ela recebe um convite de Serena para visitar os dois no Hotel Comanche, a
curiosidade e a mágoa ainda persistentes levam Diana até Atlantic City e ao
confronto que ela esperou por vinte anos. A jovem não estava preparada, porém,
para ver em carne e osso a lenda de Harvard, Caine MacGregor, advogado e
mulherengo – não necessariamente nessa ordem.
Como no primeiro volume,
tudo aconteceu muito rápido do ponto de vista narrativo: mesmo que Diana
resista, inicialmente, a paixão entre ela e Caine é praticamente instantânea e
logo no segundo capítulo os dois se beijam numa praia deserta. Sua mágoa de
vinte anos pelo irmão tê-la abandonado com uma tia controladora e gananciosa,
aparentemente, é resolvida no terceiro capítulo e isso me deixou EXTREMAMENTE
incomodada. Considerando que esse abandono foi o que moldou tudo o que Diana
Blade se tornou, achei que ele deveria ter ocupado um espaço maior na história,
mas tive a impressão de que Nora Roberts queria tirar do caminho o mais
rapidamente possível qualquer coisa que atrapalhasse ou tirasse o foco do jogo
de gato e rato que Caine e a protagonista começam a jogar.
Caine MacGregor é um
protagonista masculino muito mais envolvente e sedutor do que Justin Blade foi,
além de ter também o sarcasmo característico da sua profissão. Diana é mais
interessante e complexa do que a perfeita Serena MacGregor, pois seu passado doloroso
e as inúmeras amarras emocionais lhe deram camadas que a protagonista do volume anterior não tinha. “Destino Tentador”, portanto, foi um livro que gostei mais
por me parecer mais crível e menos fantasioso e com um casal muito mais
interessante do que o anterior.
Como vocês podem adivinhar
pelo título, o tema “destino” rodeou toda
trama: como bom descendente de escoceses, Caine acredita nele e Diana
insiste que são apenas coincidências o fato dele ser melhor amigo de seu irmão,
advogado e formado em Harvard como ela, ambos morarem em Boston a uma quadra um
do outro... Se era ou não destino, essa parte ficou meio óbvia, já que se trata
de um romance e a gente já sabe de antemão que os dois ficarão juntos. Sendo
esse um tema recorrente e já até “batido”, deixei passar e preferi me
concentrar na maneira como Nora Roberts pretendia desenvolver seus protagonistas.
A questão para Diana era não
querer ser mais uma das muitas conquistas na lista de Caine. O bom é que nesse
momento a autora parece lembrar das questões de abandono da protagonista e se
não usa a relação dos irmãos para falar a respeito, prefere aprofundar um
pouco mais esse assunto através de seu relacionamento romântico e nos mostrar as consequências disso na vida da Diana
adulta. Ela é uma mulher que aprendeu a duras penas a controlar-se por medo da
tia e de ser novamente deixada para trás, a nunca permitir que seu temperamento
e sangue índio – como ela mesmo coloca – floresçam, e a conter e disciplinar
toda e qualquer emoção na sua vida. Tudo foi milimetricamente calculado em seu
mundo para que nada saia de seu controle, mas quem é que controla o coração?
Caine MacGregor apareceu na
vida dela justamente para abalar todas essas estruturas somente com um único
olhar e com a confiança inata de um homem que sabe o que quer e sabe se
conduzir no jogo da sedução. O bacana é que a autora não expõe apenas as
fragilidades de Diana, embora elas tenham maior destaque, mas há
vulnerabilidades em Caine que me surpreenderam e em um dado momento o
personagem se percebe inseguro e tateando desconfortavelmente ao sondar o
próprio coração. E é assim, tropeçando nos próprios sentimentos e não tendo
procurado nada disso, já que era destino, que os dois resolvem-se em um final
fofo, mas explosivo como o próprio casal.
Leve, curto, descomplicado e
mesmo tendo alguns problemas já mencionados, Destino Tentador foi uma leitura
que me agradou e independente desses pontos, foi uma luz para me fazer continuar
lendo o restante da série.
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