É com pesar que chego ao
último volume do Quarteto Smythe-Smith, precedido por “Simplesmente o Paraíso”,
“Uma Noite como Esta” e “A Soma de Todos os Beijos”, todos da diva máxima Julia
Quinn.
Agora chegou a vez da última
integrante do grupo mais desafinado de Londres, aquela que é a única que
realmente SABE tocar um instrumento: Iris Smythe-Smith, a violoncelista. Não
que qualquer pessoa que frequente os saraus consiga diferenciar um instrumento
do outro, mas vocês me entenderam. Rs
Sir Richard Kenworthy é um
baita partido para o mercado de casamento londrino em suas infinitas temporadas,
mas a última coisa que qualquer pessoa poderia prever é que ele colocasse seus
olhos em Iris e decidisse que ela seria a “esposa perfeita”. Nada contra nossa
mocinha, pois desde o primeiro livro somos apresentados à sua inteligência,
sarcasmo e rapidez de raciocínio – afinal, para sobreviver às primas
Plainsworth e à própria família, esses são adjetivos indispensáveis. Ela,
porém, está longe de ser uma possível “Incomparável da Temporada” e nem mesmo têm
essa ambição. Só quer ser dispensada de tocar com as primas, casar com um
marido bom para ela e continuar em segundo plano, já que não acredita que tenha
o que é preciso para conquistar um homem proeminente. Por isso, aceita com
prazer ser cortejada por um “Sir” muito rico, mas isso não a impede de perceber
que algo não parece certo nisso tudo...
Richard precisa
desesperadamente encontrar uma esposa EM MENOS DE UM MÊS. Esse foi um
diferencial interessante, porque se em boa parte dos romances as “desesperadas”
são as mães e filhas, aqui no caso é um homem, o que por si só já coloca uma
nova perspectiva que é muito boa de se ler. O problema nesse caso são os
motivos de toda essa pressa.
As razões só nos são
reveladas quando boa parte do livro já se passou e ele e Iris já se encontram
casados. E, meu povo, QUE. ÓDIO. DESSE. HOMEM! Com a nossa cabeça de mulher do
século XXI, ouviríamos as razões de Richard, plantaríamos um belo de um tabefe
em sua cara e procuraríamos o advogado de divórcio mais rápido que
encontrássemos. Iris fica realmente muito irritada, mas divorciar não era lá
uma opção naquele período, ainda mais quando você é consciente de suas poucas
chances de casar-se tão bem... Nossa mocinha não é uma mulher tola ou
gananciosa, mas realista. Isso não a deixa imune ao sofrimento, já que a
“situação” em que é colocada pelo marido a magoa constantemente por ter
sentimentos reais por ele, e isso vai fazer você pegar uma baita raiva do
sujeito.
Mas, isto é Julia Quinn,
então sabemos que o final feliz é garantido. O que não quer dizer que seja com
uma solução boa o suficiente para tudo o que a Iris passou.
Sei que mesmo sendo um
excelente livro do ponto de vista narrativo, ainda mais se comparado ao
anterior (Alô, Sarah Plainsworth, é de você mesma que estou falando!) ainda
assim dividiu e muito as opiniões dos leitores. Com tudo ainda muito fresco na
cabeça, não sei se consigo dizer se fiquei ou não satisfeita com o desfecho,
mesmo após o belo epílogo, porque acho que não conseguiria passar por cima da
maneira como Iris fez. Acredito que este seja mais um defeito meu do que da
personagem propriamente dita, pois, a grandeza da protagonista se mostrou
justamente em seu generoso coração e capacidade de perdoar.
Retratada como uma jovem
comum e com pouco ou nenhum atrativo externo, um tipo muito mais comum e perto
da realidade da época do que nossas lindas mocinhas literárias, Iris merecia
mais. Muito mais. Pelo menos é o que sinto e isso não diminui em nada a
qualidade da história e a crescente construção do romance entre os dois, uma
das melhores da série até agora.
Os diálogos em pingue-pongue
tão característicos da autora estão presentes e as referências escancaradas à
Orgulho & Preconceito, de Jane Austen, são um aperitivo inesperado e que
fazem a gente sorrir de orelha a orelha – #janeitesparasempre. A melhor parte
do livro, OBVIAMENTE, envolve aquela que é, para mim, a melhor de todas as
moças da família: Frances Plainsworth. Lembram da peça que Harriet estava
escrevendo lá no segundo volume? “A Pastorinha, o Unicórnio e Henrique VIII”
finalmente veio a luz numa hilária apresentação e Frances CONSEGUIU seu
unicórnio, de uma maneira ou de outra! #teamunicornio #teamfrancesplainsworth
Fecho mais este capítulo da
minha sempre crescente lista de leitura de Julia Quinn com o saldo positivo,
pois a série “Quarteto Smythe-Smith” tem qualidades que suplantam seus defeitos
e encerra com beleza a saga dessa família. Recomendadíssimo!
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